livros

Nove Estações
de Almeida Maia (2014, Smashwords)
Desirée, uma jovem canadiense que vê William morrer-lhe nos braços, vê-se na obrigação de consumar o último desejo do septuagenário. Um poema que lhe é entregue leva-a a visitar as ilhas atlânticas para encontrar algo que se transforma numa descoberta fascinante. "Demanda nestes nove calhaus, no rumo favónio da esperança. O tesouro reluz num farelhão, na parede da Terra da Herança." A adolescente de olhos cor-de-mel encontra um cúmplice que se alia à descoberta. Embarcam numa viagem entusiasmante, afagada por brisas atlânticas incógnitas, cruzam-se com homens do mar e da terra, do labor e do suor, da honradez e da impureza, perdem-se e reencontram-se, enfrentam-se na ruína e no amor.

A Chama ao Vento
de Carla M. Soares (2014, coolbooks)
Um corpo anónimo é lançado à água num misterioso voo noturno sobre o Atlântico…Vivem-se os anos mais negros da Segunda Guerra Mundial, e a vida brilha com a força e a fragilidade de uma chama ao vento. Na Lisboa de espiões e fugitivos dos anos 40, João Lopes apresenta à sua amiga Carmo um estrangeiro mais velho, homem de segredos e intenções obscuras que depressa a seduz, atraindo os dois jovens para uma teia de mistérios e paixões de consequências imprevistas. Anos volvidos, Francisco, jornalista, homem inquieto, pouco sabe de si próprio e menos ainda de Carmo, a avó silenciosa que o criou, chama apagada de outros tempos. É João Lopes quem promete trazer-lhe a sua história inesperada, história da família e dos passados perdidos nos tempos revoltos da Segunda Grande Guerra e da Revolução de Abril. Para João, é uma história há muito devida. Para Francisco, o derrubar dos muros que ergueu em torno da memória e da própria vida.
Um retrato íntimo de Portugal em três gerações, pela talentosa escritora de Alma Rebelde.

Os Olhos de Tirésias 
de Cristina Drios (2013, Teorema)
A descoberta de um retrato daquele avô cuja história a família sempre encobriu - Mateus Mateus, o gigante de olhar estranho que partiu, no contingente português, para a Flandres durante a Primeira Guerra Mundial - é o pretexto que a narradora encontra para, simultaneamente, escrever um romance e se afastar de um casamento que parece condenado ao fracasso. Para saber mais sobre o passado desse desconhecido, parte, também ela, para a propriedade de La Peylouse, em Saint-Venant, que alojou o Estado- Maior português nos anos 1917-1918 e da qual o avô, depois de ter servido na frente como maqueiro e coveiro, foi enviado numa missão de espionagem, acabando prisioneiro dos alemães. No bizarro hospital onde passa os meses que antecedem a batalha de La Lys (o mesmo onde virá a ser internado um cabo alemão chamado Adolf, atacado de cegueira histérica), Mateus Mateus cruza-se com figuras inesquecíveis: Alvin Martin, um inglês albino dado às premonições; Hugo Metz, o médico que usa métodos de inspiração freudiana para interrogar os pacientes; o órfão Émile Lebecq, pequeno ladrão e ilusionista amador; e, sobretudo, Georgette Six, a bela enfermeira francesa que perdeu o noivo na guerra e pela qual o português se tornará um homem diferente. E, porém, à medida que a neta de Mateus Mateus vai desfiando essa história - num jogo em que a realidade se torna indestrinçável da ficção -, também a sua vida é sacudida por uma paixão - e só o encontro com Cyril Eyck e o seu bisavô centenário trará a chave para os enigmas do próprio romance.


Pretérito Perfeito 
de Raquel Serejo Martins (2013, Editorial Estampa)
Pudesse toda uma vida caber num livro? Nestas páginas, assombradas pela inevitabilidade da morte, as memórias são o pretérito perfeito do verbo viver. Eu vivi, diz-nos a personagem principal desta autora, hábil na construção da narrativa, na forma como nos leva pela mão até ao fim, a um fim anunciado que reforça apenas essa capacidade ímpar de agarrar o leitor. É o que Raquel Serejo Martins faz neste livro que deve ser lido, como todos os livros que sabem a gente, a vísceras, a medos e alegrias, a histórias contadas e passadas. Um livro com alma, portanto.



Quando Fores Mãe Vais Ver
de Ana Saragoça (2013, Editorial Planeta)
Criar filhos exige doses gigantescas de paciência, estoicismo, resistência e imaginação. Ao cabo de milénios desempenhando primordialmente esse papel, as mulheres de todo o mundo acabaram por desenvolver um léxico quase comum, um glossário de frases feitas que todas ouviram às mães, e todas juraram que nunca repetiriam aos filhos - com os resultados que se conhecem.
O vocabulário das mães é verdadeiramente um colar, mas não de pérolas. É mais daqueles a que se vão acrescentando penduricalhos ao longo da vida, sem nunca retirar nenhum. O folclore materno tem frases certeiras em todas as áreas e para todas as fases de crescimento dos filhos: infância, adolescência e idade adulta - embora, para as mães, o conceito de idade adulta nos filhos seja altamente discutível. E, claro, com a chegada dos netos, nunca perdem uma oportunidade de nos inundar de novo com a sua imensa sabedoria...»


Revolução Paraíso
de Paulo M. Morais (2013, Porto Editora)
Alternando realidade e ficção, um romance que nos transporta aos agitados dias da pós-Revolução: o retrato de um país que, entre o PREC e as eleições livres, procura um novo rumo. Enquanto nas ruas se decide o futuro de um país, na tipografia de Adamantino Teopisto vive-se um misto de enredo queirosiano, suspense de um policial e ternura de uma novela: com sabotagens, amores proibidos e cabeças a prémio; tudo num ambiente de revolução apaixonado. O rebuliço generalizado tem repercussões no alinhamento do jornal e no dia a dia das gentes de São Paulo e do Cais do Sodré. A Revolução é o tópico das conversas nas tascas, nas ruas, no prédio da Gazela Atlântica, contribuindo para o exacerbar das tensões latentes entre o patrão Adamantino e os funcionários. A vivacidade de uma estagiária, as manigâncias de um ex-PIDE foragido, os comentários de um taberneiro e as intromissões de um proxeneta e de uma prostituta, agravam ainda mais a desordem ameaçadora que paira no ar. Nada foi igual na vida dos portugueses após a Revolução dos Cravos. Nada foi igual na vida da "família" Gazela Atlântica após o 25 de Abril.


Capítulo 41 - A Redescoberta da Atlântida 
de Almeida Maia (2013, Letras Lavadas Edições)
O professor universitário Paolo Benevoli, que lidera uma secreta investigação da localização da Atlântida, é assassinado, tal como o seu assistente, logo após ser encontrada uma lápide com uma mensagem extremista no átrio do Palácio de Sant’Ana. A seita "Free the Landscape of Atlantis" ameaça pôr a descoberto achados arqueológicos chocantes que podem obrigar a reescrever toda a História. Será que outros povos já conheciam os Açores antes da chegada dos navegadores portugueses? Poderão ter deixado provas da sua passagem? As nove ilhas de bruma podem ser o que resta da Atlântida perdida? Que segredos esconderá o fundo oceânico do Atlântico? O alarme dispara! Movimentam-se autoridades políticas, civis, policiais e militares; accionam-se meios terrestres, marítimos e aéreos; Judiciária, GNR e Interpol unem forças; snipers assumem posições, tropas apertam o cerco; jornalistas ligam as câmaras, testam os microfones... e o mundo sustém a respiração para assistir a um tumulto nunca antes visto nas pacatas ilhas.
Nesta história surpreendente do autor galardoado de “Bom Tempo no Canal - A Conspiração da Energia”, desfilam descobertas arqueológicas recentes que reacendem a polémica da passagem de outros navegadores pelos Açores antes dos portugueses e temas controversos que lançam o debate à ribalta.


Alma Rebelde 
de Carla M. Soares (2012, Porto Editora)
No calor das febres que incendeiam a Lisboa do século XIX, Joana, uma burguesa jovem e demasiado inteligente para o seu próprio bem, vê o destino traçado num trato comercial entre o pai e o patriarca de uma família nobre e sem meios. Contrariada, Joana percorre os quilómetros até à nova casa, preparando-se para um futuro de obediências e nenhuma esperança. Mas Santiago, o noivo, é em tudo diferente do que esperava. Pouco convencional, vivido e, acima de tudo, livre, depressa desarma Joana, com promessas de igualdade, respeito e até amor.
Numa atmosfera de sedução incontida e de aventuras desenham-se os alicerces de um amor imprevisto... Mas será Joana capaz de confiar neste companheiro inesperado e entregar-se à liberdade com que sempre sonhou? Ou esconderá o encanto de Santiago um perigo ainda maior?


Todos os Dias São Meus
de Ana Saragoça (2012, Editorial Estampa)
Um prédio. Uma morte. Um mistério. Não se trata, porém, de um romance de pretexto policial. É verdade que há polícias e testemunhas - sobretudo testemunhas - e alguns suspeitos. Mas Todos os Dias são Meus é um extraordinário retrato do Portugal profundo, com os seus tiques, os seus ressentimentos, os seus ridículos.






O Intrínseco de Manolo
de João Rebocho Pais (2012, Teorema)
Na aldeia alentejana de Cousa Vã - vizinha da espanhola Ciudad del Sol - o nome de Manolo anda nas bocas escancaradas dos que passam as tardes na tasca a aviar minis, quiçá para que ninguém repare no que realmente se passa em suas casas - e talvez seja melhor assim. É, porém, facto indesmentível que Maria tem o hábito de desaparecer às sextas-feiras - e isso basta para que a mediocridade omnipresente faça do marido um adornado e da chacota um estranho alívio para a dureza dos dias. Manolo refugia-se do falatório acusador à sombra de uma azinheira secular, único ser vivo com quem pode dividir agora as suas mágoas; e, embora certo da virtude da sua Maria, não ignora a missiva que o carteiro lhe deixou em casa nessa manhã e que trazia - pois é - remetente espanhol… No jogo repetido que é o dia-a-dia dos lugares pequenos - onde ninguém ganha e quase todos perdem -, a descoberta da improvável verdade trará, mesmo assim, a Manolo a oportunidade de mostrar aos conterrâneos, de forma anónima, o seu intrínseco, seguindo os ensinamentos dos que, sendo velhos ou já desaparecidos, são parte importante da sua história - e da de Cousa Vã. Com um trabalho notável na composição das figuras e uma recuperação inteligente da linguagem popular de um Alentejo quase mítico, João Rebocho Pais estreia-se na ficção com um romance terno, mágico e, ocasionalmente, escatológico sobre o poder da excepção sobre a regra.


Esta Noite Não Aconteceu
de Sónia Alcaso (2012, Oficina do Livro)
Que poderá acontecer a quem anseia desesperadamente ser rico e famoso e se dispõe a vender a alma para o conseguir? Ao início de uma noite de temporal, Rosário Toledo, uma famosa autora de romances, encontra-se num bar de hotel com um jornalista perverso e calculista, disposto a acertar contas com o seu passado. Na outra ponta da cidade, um assassino chamado Vicente Pedras poupa inesperadamente a vida a um polícia atormentado, criando-se entre ambos uma estranha empatia que os levará a eleger essa noite como a de todas as vinganças - vinganças que incluem, entre outras, o castigo exemplar de uma mulher que abandonou o mercenário há muitos anos.
Esta Noite não Aconteceu é uma viagem ao interior sombrio de quatro personagens ao longo de doze horas, durante as quais assistiremos a uma espiral alucinante de encontros e desencontros, recordações e mentiras, abusos, recriminações, violência e sexo desenfreado; mas, à medida que a noite dá lugar à manhã, as máscaras cairão, uma por uma, mostrando que, afinal, nada é o que parece. Um romance empolgante e carregado de acção que nos surpreende da primeira à última página.


Bom Tempo no Canal: A Conspiração da Energia 
de Almeida Maia (2012, Letras Lavadas Edições)
A poderosa energia geotérmica acaba de chegar à ilha do Pico. John Mello, um luso-americano descendente de emigrantes açorianos, pós-doutorado em Energy Resources Engineering na Stanford University, é o impulsionador do projecto revolucionário. A sua experiência como "drilling engineer" faz dele o Director-Geral perfeito para a GEOZOR, empresa que lidera a exploração daquela energia renovável nas ilhas atlânticas. Mas algo corre explosivamente mal! A vida de John está ameaçada, presa por um fio e envolta numa conspiração contra a GEOZOR. Quem poderá estar por detrás da máscara? Quem poderá querer prejudicar uma energia limpa e fascinante?
John só pode confiar num mero estranho, surgido do nada, e que diz estar pronto a ajudá-lo. Numa alucinante corrida contra o tempo, por terra, mar e ar, percorrem-se sendas tortuosas para descobrir quem engendra a conspiração. Mas poderão os responsáveis estar mais próximos do que parece? E afinal, quais são os enigmas da indústria que pode revolucionar o mundo após o fim do império do petróleo?


A Solidão dos Inconstantes
de Raquel Serejo Martins (2009, Editorial Estampa)
O relógio, o chefe, os sapatos, as gravatas, o aspirador, o fogão, o mecânico de automóveis, o trânsito, a TV, o sofá, o café, o tabaco, as chuvas, as luas, as chaves, as portas, a rede, a sede, o jardim, o gato, o aquário onde demasiados morrem afogados para lá da linha do equador. Então, no limite da lucidez, ou talvez da inconsciência, as palavras transformam-se em interrogações, o que foi feito de nós. Onde está a pessoa que eu sonhei, que eu queria ser, ou simplesmente o eu que conhecia! Chamam inconstantes aos que fazem demasiadas perguntas, e é solitária a procura das respostas.



O Homem de Coração Preso
de Sónia Alcaso (2009, Chiado Editora)
"Percorro as ruas do Chiado devagar. Sinto uma náusea que vem do interior do corpo, assoma-me à garganta e enche-me a boca de amargura. Tento resistir com todas as forças, acalmar as pancadas do coração, os movimentos que me revoltam as entranhas. Sento-me, por momentos, na borda do passeio, ao lado dos automóveis estacionados. Apesar do vento frio, estou coberto de suor, com a camisa molhada colada às costas. Algumas pessoas passam, sem me ver. Levanto-me com esforço e continuo a andar, respirando com dificuldade. Na fachada do teatro D. Maria II, os sem-abrigo amontoam-se. Vejo-lhes a fome nos rostos murchos, a mesma fome que está em todo o lado - o medo, a pobreza coberta por roupas velhas e gastas, a embriaguez nos olhares. Há um grande vazio nesta praça, um turbilhão de vazio e de morte que nasce aqui e percorre as ruas à volta, enchendo os recantos, as fendas, entrando pelas janelas dos prédios. A cidade parece ter-se transformado num buraco sem luz, sem céu, semelhante a um grande tumulto."

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