[texto de Cristina Drios]
fotografia de Hervé Hette |
Conheço pouco o
Paulo. Mas gosto do que conheço.
O
(des)conhecimento leva a estranhas associações: vejo um daqueles locais
arqueológicos remotos, há muito reclamados pela selva e onde, no meio de todos
os templos derrubados pela inclemência dos séculos, surge à luz do poente, a
solidez de uma única coluna ainda erguida. Foi esta a imagem que me veio à
cabeça quando comecei a pensar em como iria abordar a difícil tarefa de
escrever o “perfil” do Paulo. E é assim que, ouvidos relatos na primeira
pessoa, depois de alguma convivência e cumplicidade, o vejo. O pilar que resta
incólume depois de tudo ruir à volta. Ou seja, alguém em quem se pode
absolutamente depositar a dádiva da confiança.
Conhecemo-nos porque amigos comuns acharam
curioso termos publicado o nosso primeiro livro em 2013, quase ao mesmo tempo:
o meu com lançamento a 9 de Abril, o do Paulo a 19 de Abril. Da comunhão de ser
novato na função de escrever e publicar romances – porque o Paulo vem de outras
escritas, o jornalismo – nasceu uma curiosidade, depois da curiosidade uma
empatia, e logo a inevitável amizade. Mas sobre isso não me alongarei: podem
reler o maravilhoso texto do Paulo “Uma Coisa Sem Importância Aparente”
publicado aqui no blogue há uns meses.
fotografia de Paulo Pires |
Porém, dentro dos silêncios, há um mundo
fervilhante, denso e quase tumultuoso que se esconde por debaixo das águas
seguras e tranquilas em que se lhe movem os gestos. A determinação e a
resiliência de quem sabe qual é o caminho a trilhar e não abdica do sonho face
às dificuldades, sempre com o seu apurado sentido de humor, são uma inspiração
e um exemplo. E esse mundo está nas suas personagens, nos seus textos, nos seus
romances, no “Revolução Paraíso” e nos que, a publicar em breve, a sua
generosidade já me permitiu ler. Não deixem, portanto, de entrar nesse mundo,
lendo-o!
Ainda conheço pouco o Paulo. Mas sei que
vou gostar cada vez mais do que conhecer.
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