E eis que chega ao fim o primeiro ciclo de existência da NAU.
Foram nove meses para oito autores (com pausa para banhos), oito autores que assumiram, à vez, o
comando da embarcação, usando os seus livros como cartas de marear: abrimos caminho na Primeira Guerra com Os Olhos de Tirésias, de Cristina Drios, seguimos pelo Alentejo com O Intrínseco de Manolo, de João Rebocho Pais, ganhamos dias elevador acima, elevador abaixo com Todos os Dias São Meus, de Ana Saragoça, respiramos fundo e entramos em rebelião com a gente de Abril, com Revolução Paraíso, de Paulo M. Morais, voamos até aos Açores para um mistério, com Capítulo 41- A Redescoberta da Atlântida, de Pedro Almeida Maia, recuamos aos amores do século XIX com Alma Rebelde, de Carla M. Soares, suspendemo-nos entre a vida e uma morte anunciada em Pretérito Perfeito, de Raquel Serejo Martins, e fechamos o ciclo numa noite só, com Esta Noite Não Aconteceu, de Sónia Alcaso. Os autores NAU leram e escreveram sobre os livros de cada um com toda a honestidade e poesia de que foram capazes, fugindo sempre do elogio fútil e, quem sabe, falso.
Não
tivemos muitas oportunidades de nos encontrarmos pessoalmente, mas aproveitámos
até ao tutano as vezes que conseguimos conjugar horários, para podermos passar juntos
umas horas em redor de uma refeição. Refeição sempre bem portuguesa, de iscas, alheiras e sardinhas, com queijo dos açores à mistura, nos dois jantares NAU em que trocámos impressões, sugestões, nos animámos mutuamente, e sobretudo dissemos o que cabia e o que não cabia e rimo-nos alto e bom som, como convém a um grupo de circunspectos e digníssimos literatos.
Os
encontros com leitores, pessoais ou em conjunto, foram sempre gratificantes, é por eles, afinal, que nos vamos metemos na luta que é a escrita e sobretudo a publicação de cada livro. Não podemos, porém. deixar de
destacar certa tarde memorável de verão, passada na Biblioteca dos Olivais com A Roda dos Livros. É uma felicidade trocar ideias com quem ama ler, que reflecte
sobre o que lê e que tem ainda a generosidade de partilhar as suas reflexões
com outros leitores e com os autores. Muito gratos pelo convite, que desejamos se multiplique noutros espaços e com outros leitores (ou no mesmo espaço com os mesmos leitores, porque não?)
E
houve ainda o ‘Projecto Raimundo’, o desafio que nos impusemos de escrever um
conto assente em apenas dois pressupostos comuns: a frase de abertura e o local
de nascimento do protagonista. O resultado pode ser apreciado no site Das
Letras, nosso parceiro de aventura, onde quinzenalmente tem surgido um
‘Raimundo’ que reflecte a sensibilidade de cada um dos autores da NAU.
Com
estes primeiros oito meses de navegação, aprendemos todos muito uns com os
outros, com quem nos lê e com quem nos publica. Foi uma viagem cheia de
aventuras e alguns escolhos, e não a trocaríamos por nada.
Chegados
ao fim deste primeiro ciclo, impunha-se a pergunta: e agora? Recolhíamos a
aparelhagem e deixávamos a nossa NAU definhar em doca seca? Ou embarcávamos
rumo a novas paragens? Ninguém manifestou vontade de abandonar o navio.
Nos
próximos oito meses, vamos dedicar-nos a explorar a obra de cada um dos autores
de outros pontos de vista. Isso significa que, em Fevereiro Cristina Drios volta ao papel de
timoneira. O seu livro, Os Olhos de Tirésias, tem como cenário a Primeira
Guerra Mundial, sobre a qual decorrem agora cem anos. Propomo-nos, sob a égide do
soldado português retratado por Cristina Drios, explorar vários aspectos do
conflito que deu o tom a todo o século XX.
Sigamos
pois os passos de Mateus Mateus.
Vou continuar muito atenta e a ler as vossas produções ! Boas viagens!
ResponderEliminarForça, Nau!
ResponderEliminarQue continue de vento em popa.
Abraço
Olinda