Começamos a desvendar o nosso livro (e autora) do mês com uma sinopse. Só para abrir o apetite. E para darmos tempo aos leitores que ainda não tiveram oportunidade de ler este Os Olhos de Tirésias de recuperarem tempo de (boa) leitura e prepararem-se para as iguarias já preparadas: perfil da autora, citações da obra, entrevista, poema... No final, os fãs do livro terão a hipótese de juntar-se ao Colectivo NAU numa "Tertúlia do Sardinha": um jantar de casa fechada, a preço módico de tasca, durante a qual poderão conversar com a Cristina Drios sobre livros, escrita e, quem sabe, o significado da vida. Mas por enquanto ainda é tempo de virar a primeira página e entrarmos no mundo do imenso Mateus Mateus.
Os Olhos de Tirésias
de Cristina Drios (2013, Teorema)
A descoberta de um retrato daquele avô cuja história a família sempre encobriu - Mateus Mateus, o gigante de olhar estranho que partiu, no contingente português, para a Flandres durante a Primeira Guerra Mundial - é o pretexto que a narradora encontra para, simultaneamente, escrever um romance e se afastar de um casamento que parece condenado ao fracasso. Para saber mais sobre o passado desse desconhecido, parte, também ela, para a propriedade de La Peylouse, em Saint-Venant, que alojou o Estado- Maior português nos anos 1917-1918 e da qual o avô, depois de ter servido na frente como maqueiro e coveiro, foi enviado numa missão de espionagem, acabando prisioneiro dos alemães. No bizarro hospital onde passa os meses que antecedem a batalha de La Lys (o mesmo onde virá a ser internado um cabo alemão chamado Adolf, atacado de cegueira histérica), Mateus Mateus cruza-se com figuras inesquecíveis: Alvin Martin, um inglês albino dado às premonições; Hugo Metz, o médico que usa métodos de inspiração freudiana para interrogar os pacientes; o órfão Émile Lebecq, pequeno ladrão e ilusionista amador; e, sobretudo, Georgette Six, a bela enfermeira francesa que perdeu o noivo na guerra e pela qual o português se tornará um homem diferente. E, porém, à medida que a neta de Mateus Mateus vai desfiando essa história - num jogo em que a realidade se torna indestrinçável da ficção -, também a sua vida é sacudida por uma paixão - e só o encontro com Cyril Eyck e o seu bisavô centenário trará a chave para os enigmas do próprio romance.
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