[Pedro Almeida Maia e a leitura de «Revolução Paraíso»]
A história é um dédalo de estórias
singularmente caricatas, que giram em torno da redação de um jornal, um sótão
camuflado e uma Lisboa renascida. As personagens genialmente desenhadas têm
personalidades contrastantes e deliciosamente realistas: Adamantino Teopisto,
César Precatado, Manuel Ginja, Viriato, Deodete Machado, Raul, Pandora, Adão e
Eva — porque estamos próximos do paraíso! E não se pode esquecer a fadista
Amália, que afoga mágoas dos carenciados, pois o cariz carnal desta obra está
inteligentemente entrosado: “Viriato granjeava sucesso entre as mulheres,
atraídas pela figura alta e encorpada, o cigarro ao canto da boca como faziam
os galãs de cinema, o bigode farfalhudo e o cabelo abundante a prenunciarem
proezas sexuais” (pág. 65-66).
As qualidades de jornalista revelaram-se
nesta obra, não só na dedicada investigação como na paixão impressa em cada
frase, tal como o jornal que luta pela tiragem e pelos leitores, tentando
revelar mais verdades do que apenas a data. Escrever sobre o 25 de Abril nunca
será fácil para os não contemporâneos, mas o Paulo M. Morais inverteu o
estigma, até porque a escrita não veio dele, mas através dele. Foi extasiante
conhecer este lado da Revolução.
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