02/05/2014

a primeira viagem

[texto: Cristina Drios / fotografia do Cole©tivo: senhor Duarte]

4 de Abril de 2014, sexta-feira. Poucos minutos para as oito da noite. Em diversos pontos de Lisboa, sete pessoas, dirigem-se, para o mesmo local. Chove a cântaros e a baixa da cidade é, como o título de um livro, uma paisagem com inundação.

O Cole©tivo NAU – Novos Autores Unidos lançava-se à água, em viagem inaugural!

Apresentação dos marujos. Por ordem alfabética.

Ana Saragoça, escritora.
Carla M. Soares, escritora.
Cristina Drios, escritora.
João Rebocho Pais, escritor.
Paulo M. Morais, escritor.
Pedro Almeida Maia, escritor.
Raquel Serejo Martins, escritora.
Sónia Alcaso, escritora.

Dos oito, sete estão a caminho, numa noite de intempérie, e um, o Pedro, vem representado pelo seu livro. De Ponta Delgada a Lisboa, haveria que fretar uma embarcação menos feita de letras e sonhos.


Ao local aprazado para o encontro calha um sugestivo nome de tasca lisboeta. À mesa do Sardinha, entretanto, aportaram três: a Sónia, o Paulo e eu, que aguardam com alguma impaciência que se complete a companha. Oito e meia. Por fim, chega o João. Oito e quarenta. A Carla. Oito e quarenta e cinco. A Raquel e a Ana. Largam desculpas e pingos no meio dos beijos.

É possível delinear uma linha imaginária entre quem se conhece. Porém, impera quem não se conhece. O primeiro gelo não custa a quebrar à medida que cada um entrega o seu livro. Abre-se uma fresta entre as cestas de carcaças e os jarros de vinho e uma torre de livros cresce no meio da mesa. É o lugar do colectivo; cada um dos nossos livros é um tijolo no nosso farol.

Apresentação dos livros. Por ordem aleatória da pilha. De baixo para cima.


Esta Noite Não Aconteceu
Alma Rebelde
O Intrínseco de Manolo
Revolução Paraíso
Capítulo 41
Pretérito Perfeito
Os Olhos de Tirésias
Todos os Dias São Meus
[agora, apenas para os leitores: delinear uma linha imaginária entre cada uma das obras e o seu autor]

Cinco doses de iscas e duas alheiras, alguns jarros de vinho e muitas coca-colas adiante, discutiram-se alguns tópicos do nosso futuro comum entre chuva que era agora algaraviada e gargalhadas.

A Ana disse, a dada altura, “Já éramos amigos e não sabíamos!”. Nos olhos havia brilho e sorrisos e cumplicidade nos gestos, porque somos tão diferentes que sabemos que somos quase iguais no querer que este projecto nos leve juntos onde seria difícil chegarmos sozinhos. E assim, à meia noite e meia, enxotados pelo pano húmido do senhor Duarte, fomos corridos do Sardinha...

Somos os marujos desta NAU e esta foi a nossa primeira viagem juntos, a viagem na qual buscando a etimologia da palavra companha, partilhámos o mesmo pão. Venham mais! Pão, vinho, letras e risos. Não sei se sabemos onde é que queremos chegar; o mais importante foi querer. Querer estar. Querer pertencer. Querer partilhar!

4 comentários:

  1. Jantar à Colectivo ... descrição à menina Drios. Ambos bons. Muito bons!

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  2. A frase era minha, de facto, mas quem a disse foi a Raquel. E sim, tenho a melhor das recordações dessa noite chuvosa. Bons ventos!

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  3. Ah, que frescura! Bom trabalho!

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  4. Pelo que vejo não se contentam com " meias doses", parabéns!

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