"E, pelas oito da manhã,
ouviram a Grândola Vila Morena entoar na frequência radiofónica. Teopisto e Precatado pausaram a mastigação
das torradas com manteiga preparadas por Deodete e cantaram os versos daquela terra
de fraternidade, onde o povo é quem mais ordena. A canção da terra onde há
um amigo em cada esquina pôs-lhes as lágrimas a rolar pelos rostos pálidos. Escutaram o
comunicado do MFA a anunciar o falhanço do golpe fascista e,
lembrados de que aquelas rimas de Zeca Afonso haviam sinalizado o início da Revolução dos Cravos, abraçaram-se emocionados.
In Revolução Paraíso, Pág. 165
In Revolução Paraíso, Pág. 165
Este livro é uma viagem. Uma viagem
a 1974 e 1975: pela certeza do já
conhecido, pela incerteza do ainda desconhecido. E
embarcamos nessa viagem, sabendo desde logo (porque este livro nos ensina) que
a glória na chegada só
depende da fé
na partida, e lá vamos nós, com a Santíssima Trindade, com Adamantino Teopisto e César
Precatado, com Deodete e Pandora, com Adão e Eva, com muitas
outras personagens ficcionais e históricas e, acima de tudo,
com a revolução. Em marcha voraz, pelas ruas do Cais do Sodré,
pelas tascas, pensões e esquinas, pelas letras de um jornal refundado, para, também nós, escrevermos, revermos, compormos uma nova história
para o país.
Paulo Morais sempre foi um homem de viagens.
Dessas que nos fazem dar a volta ao mundo e das outras que se dão dentro de nós mesmos. Sempre soube reunir vontades tanto para ultrapassar ares e
mares, como para vencer adversidades e barreiras. Um bom guerreiro, é o que Paulo Morais sempre foi! Um guerreiro faminto de lugares, vidas e
acontecimentos. Desta vez foi graças à
avó
que nos levou a este período tão rico da nossa história. A próxima viagem esperemos que não tarde...
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