19/10/2014

Um lugar imaginário

[Cristina Drios e a leitura de «Capírulo 41»]

«Quando se fala em Atlântida, associa-se logo a mito! (...) Procurem numa enciclopédia: é uma lenda! Procurem na internet: é uma alegoria! Procurem um livro no catálogo de uma biblioteca: está na mesma secção do monstro de Loch Ness, dos duendes, gnomos e ajudantes do Pai Natal.»
in Capítulo 41 – A Redescoberta da Atlântida (pág. 286)


Onde ficava afinal a Atlântida? Nos Açores? Nas Canárias? Nas Cíclades? Existiu sequer? Na verdade, é-me indiferente. Alberto Manguel contempla-a no seu “Dicionário dos Lugares Imaginários” porque a Atlântida é, antes de mais, um imaginário e nada me importa menos, no caso, do que a dicotomia burocrática entre realidade e lenda.

Na adolescência, época em que me dediquei com afinco a todo o género de leituras, mais ou menos científicas, mais ou menos especulativas, sobre os Grandes Mistérios da Humanidade: da Atlântida ao Túmulo de Tutankamon, da Ilha da Páscoa a Marte, Plutão e aos confins do Universo, nasceu esse imaginário. Por essa altura, ancorou-se em mim, a quem os desertos fascinam, no Saara, com a leitura do romance de Pierre Benoît.

O «Capítulo 41 – A Redescoberta da Atlântida» de Pedro Almeida Maia trouxe-me a melancolia dessas leituras longínquas, desgarradas e anárquicas, sempre sôfregas. É bom saber que os lugares imaginários nunca morrem em nós e que se (re)visitam com a facilidade de um salto mental.

mapa do Império da Atlântida, em «Atlantis: the antediluvian world» (1882),
de Ignatius Donelly
fonte: Wikipedia Commons


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