[Ana Saragoça traça o perfil de Pedro Almeida Maia]
Grata e ingrata a tarefa, a de traçar o perfil do nosso marujo mais ocidental. Grata porque já tive o prazer de o conhecer e gostei muito dele; ingrata porque, ao contrários dos outros marujos, sempre a bem dizer aqui à mão de semear, o Pedro ainda só uma vez honrou presencialmente os nossos encontros, embora seja participante activo no convés da nossa NAU. Grata porque habita fisicamente no território onde moram os meus sonhos; ingrata porque a dimensão do seu perfil não pode reduzir-se a esse exotismo fácil.
No nosso primeiro e único encontro, senti com ele a empatia que já me tinha ligado aos outros autores da NAU. Éramos amigos, só ainda não nos tínhamos conhecido.
O Pedro tem um sorriso luminoso que casa perfeitamente com a luminosidade das mensagens que troca connosco. Nasceu em 1979, em Ponta Delgada, onde cresceu, ingressou na universidade, desingressou, e, na curva dos trinta, deu largas à escrita: crónica, conto, novela, romance, literatura infantil, de tudo fez e faz. Apesar de viajado, sempre acreditou que podia vingar no seu país e na terra onde cresceu, mas cada vez mais sente que estar longe da força centrípeta de Lisboa e insistir em ser português em Portugal são desafios difíceis e muitas vezes desencorajantes.
A vida, como a literatura, faz-se de rascunhos sucessivos, de cada um aproveitando o melhor. Por isso voltou aos estudos, desta vez em Psicologia. O melhor do seu rascunho amoroso foi a filha de 9 anos, a que passou para a folha limpa cuja escrita empreende agora com a também luminosa Cristina. Escreveu livros e fez uma filha; ignoro se plantou alguma árvore. Mas, depois de o conhecer, acredito que, se o fez, ela sobressairá até na luxuriante verdura micaelense. Porquê? Porque é jovem, talentoso e transpira força interior. E porque quem chega a um primeiro encontro com colegas escritores tresandando ao cheiro dos queijos deliciosos que carinhosamente lhes trouxe só pode ter uma auto-confiança invejável.
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