22/01/2015

Aconteceu ou não

[a leitura de Esta Noite Não Aconteceu por Cristina Drios]

“Se eu não fosse escritora e não pusesse no papel os seus sentimentos, tornar-me-ia, provavelmente, uma criminosa. (...) Mas é só nos livros que cometo crimes, juro; contar histórias foi o refúgio que descobri para escapar às ideias horríveis que tantas vezes me passam pela cabeça.”
in “Esta Noite Não Aconteceu”, pág. 157.

Aconteceu ou não, pergunta-se o leitor, ao fechar a última página deste romance que se lê de um só fôlego, ao ritmo quase frenético dos acontecimentos que enredam quatro personagens: uma escritora de romances cor-de-rosa que almeja mudar, um jornalista que afinal não é só o que disse ser, um criminoso violento que se releva um bom pai e um  polícia reformado apanhado num vórtice a que é alheio...

Acontecer ou não acontecer, eis a questão. Qual é a fronteira entre realidade e ficção? Que linha separa a escritora inventada da escritora real? A ficção será apenas um refúgio para a escritora inventada? E para a escritora real, será uma realidade paralela em que, de facto, existe tanto quanto as suas personagens? É que, afinal, no caso da escritora inventada, descobrimos que a realidade é apenas ficção... Confusos? Nem tanto! A contracapa fala-nos de “um romance empolgante e carregado de acção” mas “Esta Noite Não Aconteceu” é muito mais, é um livro com camadas de  profundidade que, tal como cada hora da noite em que se desenrola, trazem um matiz diferente que se sobrepõe ao anterior. Cabe-nos a nós, leitores, fazer acontecer ou não...










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