[a leitura de Esta Noite Não Aconteceu por Cristina Drios]
“Se
eu não fosse escritora e não pusesse no papel os seus sentimentos,
tornar-me-ia, provavelmente, uma criminosa. (...) Mas é só nos livros que
cometo crimes, juro; contar histórias foi o refúgio que descobri para escapar
às ideias horríveis que tantas vezes me passam pela cabeça.”
in
“Esta Noite Não Aconteceu”, pág. 157.
Aconteceu
ou não, pergunta-se o leitor, ao fechar a última página deste romance que se lê
de um só fôlego, ao ritmo quase frenético dos acontecimentos que enredam quatro
personagens: uma escritora de romances cor-de-rosa que almeja mudar, um
jornalista que afinal não é só o que disse ser, um criminoso violento que se
releva um bom pai e um polícia reformado
apanhado num vórtice a que é alheio...
Acontecer
ou não acontecer, eis a questão. Qual é a fronteira entre realidade e ficção?
Que linha separa a escritora inventada da escritora real? A ficção será apenas
um refúgio para a escritora inventada? E para a escritora real, será uma
realidade paralela em que, de facto, existe tanto quanto as suas personagens? É
que, afinal, no caso da escritora inventada, descobrimos que a realidade é
apenas ficção... Confusos? Nem tanto! A contracapa fala-nos de “um romance
empolgante e carregado de acção” mas “Esta Noite Não Aconteceu” é muito mais, é
um livro com camadas de profundidade
que, tal como cada hora da noite em que se desenrola, trazem um matiz diferente
que se sobrepõe ao anterior. Cabe-nos a nós, leitores, fazer acontecer ou
não...
Sem comentários:
Enviar um comentário